Lei 38: Pense Como Quiser, Mas Comporte-se Como os Outros
Se evidenciar demasiado que é contrário às tendências da época, ao ostentar as suas ideias pouco convencionais e modos não ortodoxos, os demais irão julgar que pretende chamar apenas a atenção. Encontrarão uma forma de o castigar por fazê-los sentir inferiores. É muito mais seguro juntar-se aos restantes e desenvolver um toque comum. Compartilhe a sua originalidade só com os amigos tolerantes e com aqueles que certamente apreciarão a sua singularidade.
As pessoas que ostentam a sua paixão por uma cultura diferente estão expressando desdém e desprezo pela sua própria cultura. Usam a aparência externa do exótico, expressando o seu senso de superioridade, para se separar do ser comum que segue inquestionavelmente os costumes e leis locais. Caso contrário, agiriam com mais dignidade, demonstrando respeito por aqueles que não compartilham os seus desejos.
A necessidade de mostrar a diferença de maneira tão dramática, faz das outras pessoas não gostarem deles, cujas crenças desafiam, indireta e sutilmente, com um tom ofensivo.
O truque para manter a sua singularidade respeitando os costumes
- Finge discordar das ideias diferentes contra a cultura predominante, mas no decorrer da sua discordância expressa e expõe as suas próprias ideias.
- Parece estar em conformidade com a ortodoxia presente, mas aqueles que sabem entenderão a ironia envolvida. Estará protegido.
- Não faz sentido exibir as suas ideias diferentes se estas apenas lhe trazem sofrimento e perseguição.
- O martírio não serve de nada - é melhor viver num mundo opressivo, até conseguir prosperar nele.
- Encontre uma maneira de expressar as suas ideias sutilmente apenas para aqueles que o entendam.
A verdade
- Todos contamos mentiras e escondemos os nossos verdadeiros sentimentos, pois a total liberdade de expressão é uma impossibilidade social.
- Desde tenra idade, aprendemos a esconder os nossos pensamentos, contando aos outros o que sabemos que eles querem ouvir, observando atentamente para que não os ofendamos.
- Existem ideias e valores que a maioria das pessoas aceita, sendo inútil argumentar.
- Acreditamos no que queremos, mas por fora usamos uma máscara.
- Existem pessoas, no entanto, que veem essas restrições como uma violação intolerável à sua liberdade.
- Precisam de provar a superioridade dos seus valores e crenças.
- No final, os seus argumentos convencem apenas alguns e ofendem muitos mais.
- A razão por que os argumentos não funcionam é que a maioria das pessoas mantém as suas ideias e valores sem pensar nelas.
- Existe uma forte componente emocional nas suas crenças.
- As pessoas não querem ter de refazer os seus hábitos de pensamento, e quando as desafia, seja diretamente através dos seus argumentos ou indiretamente através de seu comportamento, elas ficam hostis.
O poder real
- As pessoas sábias e inteligentes aprendem desde cedo que podem exibir comportamentos convencionais e expressar ideias convencionais sem ter que acreditar nas mesmas.
- O poder que ganham misturando-se com outros é serem deixadas “em paz” para ter os pensamentos que quiserem.
- Expressam as suas ideias para quem desejam expressá-las, sem sofrer isolamento ou ostracismo.
- Depois de se estabelecerem numa posição de poder, podem tentar convencer um círculo mais amplo da validade das suas ideias - talvez trabalhando ainda indiretamente neste sentido.
O senso comum
- Use a sua capacidade natural de ser tudo para todas as pessoas.
- Quando estiver perante a sociedade, deixe para trás as suas próprias ideias e valores e coloque a máscara mais apropriada para o grupo em que se encontra.
- As pessoas engolem a isca porque lisonjeia-as fazendo-as acreditar que compartilha as suas ideias.
- Não o considerarão hipócrita se for cuidadoso - pois como o poderão acusar de hipocrisia se não lhes permite saber exatamente quais são as suas ideias próprias?
- Não o verão como não tendo valores, porque irá compartilhar os mesmos valores enquanto estiver na companhia dos outros.
ADVERTÊNCIAS
- Existe sempre um lugar para o provocador, aquele que desafia com sucesso os costumes e goza de que já está ultrapassado numa cultura.
- A sociedade tolera algumas poucas pessoas que ostentam as suas diferenças porque elas tornam as coisas mais emocionantes, mas é mais provável que atinja os seus objetivos se aprender a misturar-se com a cultura da época.
Exceções à lei
- O único momento em que vale a pena se destacar, é quando alcançou uma posição inabalável de poder e pode exibir a sua diferença como um sinal de distância entre si e os outros. Vá longe demais e as pessoas podem-se voltar contra si.
- Mesmo para quem chega ao auge do poder, será bom afetar pelo menos um traço em comum, pois em algum momento o apoio popular pode ser necessário.