Lei 24: Represente o Perfeito Cortesão
O perfeito cortesão prospera num mundo onde tudo gira em torno no poder e da habilidade política. Este domina a arte da dissimulação; adula, cede aos superiores e assegura o seu poder sobre os outros da forma mais gentil e dissimulada. Aprenda e aplique as leis da corte e não haverá limites para a sua escalada no poder.
No passado, a corte reunia-se em torno do governante e tinha muitas funções. Além de divertir o rei ou rainha, era uma maneira de solidificar a hierarquia da realeza, nobreza e classes altas, mantendo a nobreza subordinada e próxima à governação, A corte serve ao poder de várias maneiras, mas acima de tudo glorifica o governante, proporcionando-lhe um mundo microcósmico que deve lutar para o agradar.
Os 16 jogos dos cortesãos bem-sucedidos
- Agradam, mas sem ser em demasia.
- Obedecem, distinguindo-se de alguma forma dos outros cortesãos.
- Nunca se distinguem a ponto de tornar o governante inseguro.
- Dominam a ciência de manipular pessoas.
- Fazem o rei ou rainha sentir-se mais real;
- Fazem todos os outros temerem o seu poder.
- São mágicos nas aparências, sabendo que a maioria das coisas na corte é julgada pelo que se vê.
- São gentis e educados.
- A agressão deles é encoberta e indireta.
- São mestres da palavra e nunca dizem mais do que o necessário.
- Tiram o máximo proveito de um elogio ou insulto oculto.
- Atraem os outros e as pessoas querem estar ao seu redor porque sabem como agradar.
- Não bajulam nem se humilham.
- São magos na acumulação de influência
- Tornam-se os favoritos do rei ou rainha, aproveitando os benefícios da posição.
- Geralmente acabam sendo mais poderosos que o governante.
A corte real parece ter desaparecido na sua generalidade, ou pelo menos perdido o seu poder, mas as cortes e cortesãos existirão porque as manifestações de influência nunca, acabam. As leis que governam a política das cortes são tão atemporais quanto as leis do poder. Há muito a aprender com os grandes cortesãos do passado e do presente.
As 15 leis da política das cortes
- Evite a ostentação. Nunca é prudente falar sobre si mesmo ou chamar muita atenção para as suas ações. Quanto mais fala sobre as suas ações, mais suspeitas levanta. Também desperta a inveja entre os seus colegas induzindo traição e punição.
- Pratique a despreocupação. Nunca parece estar a trabalhar muito. O seu talento deve parecer fluir naturalmente, com uma facilidade que leva as pessoas a considerá-lo um génio e não um viciado no trabalho. É melhor que os outros se maravilharem com o quão graciosamente conseguiu a sua realização, do que perguntarem por que se deu a tanto trabalho.
- Seja frugal com a bajulação. Pode parecer que os seus superiores não recebem ps elogios suficientes, mas tudo o que é a mais perde o seu valor. Também suscita suspeitas entre os seus pares. Aprenda a bajular indiretamente – minimizando a sua própria contribuição, e por exemplo, fazendo o seu mestre parecer melhor que os outros.
- Organize-se para ser notado. Existe um paradoxo: por um lado não se pode exibir de maneira descarada, mas por outro lado também deve ser notado. Isto requer muita arte e muitas vezes é uma questão de ser visto apenas. Preste atenção à sua aparência física e encontre uma maneira de criar um estilo e imagem distinta, mas subtil.
- Altere o seu estilo e linguagem de acordo com quem está ao seu redor. A pseudo-crença na igualdade - a ideia de que conversar e agir da mesma maneira com todos, independentemente da posição deles, faz de si um modelo de civilização - é um erro terrível. Os que estão abaixo de si consideram uma forma de condescendência, e os que estão acima consideram uma ofensa. Deve mudar o seu estilo e maneira de falar para se adequar a cada pessoa. Não significa que tenha de mentir, mas representar, e representar é uma arte. Aprenda, portanto, a arte de representar.
- Nunca seja o portador das más notícias. O rei mata o mensageiro que traz as más notícias. Este é um cliché, mas há verdade no mesmo. Deve assegurar-se de que o portador de más notícias recai sobre um colega, e nunca sobre si. Traga apenas as boas notícias para alegrar a seu mestre.
- Nunca transmita amizade e intimidade ao seu mestre. O mestre não quer um amigo, mas sim um subordinado. Nunca se aproxime de uma maneira fácil e amigável ou aja como se estivesse no melhor dos termos - esta é uma prerrogativa do seu mestre. Se o mesmo optar por lidar consigo a este nível, assuma um tom desconfiado. Caso contrário, coloque-se na direção oposta e faça parecer que existe uma distância clara.
- Nunca critique diretamente aqueles que estão acima de si. Se em algum momento algum tipo de crítica é necessária, numa situação em que senão disser nada algum risco poderá recair sobre si, deve apresentar os seus conselhos e críticas da maneira mais indireta e educada possível. Pense duas ou três vezes antes de decidir se torna o seu mestre desconfortável, e erre sempre pelo lado da sutileza e gentileza.
- Seja frugal ao pedir favores aos que estão acima de si. Nada irrita mais um mestre do que ter que rejeitar o pedido de alguém. Desperta culpa e ressentimento. Peça favores o mais raramente possível e saiba quando parar. Em vez de se tornar um suplicante, é sempre melhor ganhar os favores, para que o governante os conceda de bom grado. Mais importante: não peça favores em nome de outra pessoa, muito menos de um amigo.
- Nunca brinque com aparências ou gostos pessoais. Uma inteligência animada e uma disposição humorística são qualidades essenciais para um bom cortesão, e há momentos em que a vulgaridade é apropriada e envolvente. Mas evite qualquer tipo de piada sobre aparência ou gosto pessoal doutra pessoa, duas áreas altamente sensíveis, e mais especialmente para os que estão acima de si. Se estiver longe do seu mestre quando fizer algum tipo de gozo, ainda é mais perigoso.
- Não seja um cortesão cínico. Expresse admiração pelo bom trabalho dos outros. Se critica constantemente os seus pares ou subordinados, algumas dessas críticas irão voltar-se sobre si, pairando como uma nuvem cinza onde quer que vá. As pessoas irão irritar-se com cada novo comentário cínico. Expressando uma modesta admiração pelas realizações das outras pessoas, paradoxalmente acaba por chamar a atenção sobre si.
- Seja um observador de si mesmo. O espelho é uma invenção milagrosa; sem ele cometeria grandes pecados contra a beleza e o decoro. Através do seu espelho nos outros, treina a sua mente para tentar ver os que outros veem em si. Está a agir com muita obsequiosidade? Está a tentar agradar muito? Parece desesperado por atenção, dando a impressão de que está em declínio? Seja observador de si mesmo e evitará uma montanha de erros.
- Domine as suas emoções. Como ator numa grande peça, deve aprender a chorar e a rir quando for apropriado. Deve ser o mestre do seu próprio rosto. Pode mentir se quiser; mas se preferir não jogar um jogo perigoso, seja sempre honesto e aberto.
- Ajuste-se ao espírito dos tempos. Uma ligeira afetação de uma época passada pode ser encantadora, desde que escolha um período de há pelo menos vinte anos atrás; vestir a moda de há dez anos é ridícula, a menos que goste do papel de bobo da corte. O seu espírito e o seu modo de pensar devem acompanhar os tempos, mesmo que ofenda a sua própria sensibilidade.
- Seja uma fonte de prazer. É uma lei óbvia da natureza humana que fugiremos do que é desagradável e de mau gosto, enquanto o encanto e a promessa de prazer nos atrairão como mariposas para uma chama. Sinta-se a chama e subirá ao topo. Nem todos podem desempenhar o papel do favorito, pois não somos todos abençoados com charme e inteligência. Mas sempre podemos controlar as nossas qualidades desagradáveis e obscurecer quando necessário.
Os cortesãos são como mágicos: brincam enganosamente com as aparências, deixando apenas os que estão ao seu redor ver o que querem que eles vejam.
ADVERTÊNCIAS
A arte de cortejar tem as suas subtilezas, e descuidar das armadilhas e possíveis erros pode arruinar os seus melhores truques. É um jogo muito delicado; tenha o máximo de cuidado para não deixar pistas, e nuca deixe que o seu senhor o desmascare. Com tantas deceções e manipulações em andamento, é essencial impedir que as pessoas vejam os seus truques e vislumbrem as suas artimanhas.
O ministro de Napoleão, Talleyrand, foi apanhado num esquema para enganar Napoleão fazendo pensar que esteja estava a caçar espécies selvagens num parque real, quando os animais tinham sido comprados num mercado. Talleyrand levou meses para recuperar a confiança, e Napoleão nunca o chegou a perdoar.
Exceções à lei
Não existem exceções à lei de representar o perfeito cortesão